sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Estamos no mês da grande festa Tabernáculos

Festa dos Tabernáculos
Dentre as três grandes festas comandadas por Deus, a Festa dos Tabernáculos é a de maior significado profético para nós cristãos.
É comemorado no décimo-quinto dia do mês de Tishri, duas semanas após Rosh Hashana e, usualmente, cai no final de Setembro ou princípio de Outubro.

Significado Histórico

“Disse mais o Senhor a Moisés : Fala aos filhos de Israel, dizendo: Aos quinze dias dêste mes sétimo será a Festa dos Tabernáculos ao Senhor, por sete dias. Ao primeiro dia haverá santa convocação: nenhuma obra servil fareis. Sete dias oferecereis oferta queimada ao Senhor; no dia oitavo tereis santa convocação, e oferecereis ofertas queimadas ao Senhor: é reunião solene, nenhuma obra servil fareis.

São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao Senhor oferta queimada, holocausto e oferta de manjares, sacrifícios e libações, cada qual em seu dia próprio; além dos sábados do Senhor, e das vossas dádivas, e de todos os vossos votos, e de todas as vossas ofertas voluntárias que dareis ao Senhor.

Porém aos quinze dias do mês sétimo, quando tiverdes recolhido os produtos da terra, celebrareis a festa do Senhor por sete dias; ao primeiro dia, e também ao oitavo. haverá descanso solene. No primeiro dia tomareis para vós outros fruto de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas, e salgueiros de ribeiras; e, por sete dias, vos alegrareis perante o Senhor, vosso Deus. Celebrareis esta como festa ao Senhor por sete dias cada ano; é estatuto perpétuo pelas vossas gerações ; no mes sétimo a celebrareis. Sete dias habitareis em tendas de ramos ; todos os naturais em Israel habitarão em tendas; para que saibam que eu fiz habitar os filhos de Israel em tendas, quando os tirei da terra do Egito: Eu sou o Senhor vosso Deus.” Levítico 23.33,43

A Festa dos Tabernáculos ou Festa da Colheita era originalmente uma festa agrícola , assim como a Páscoa e Pentecoste. Apesar disso Deus lhe atribui um signicado histórico: a lembrança da peregrinação pelo deserto e o sustento pelo Senhor. A fragilidade das tendas que o povo construía era uma lembrança da fragilidade do povo quando peregrinava os 40 anos no desserto a caminho da Terra Prometida.

A palavra “tabernáculo” origina-se da palavra latina “tabernaculum” que significa “uma cabana, um abrigo temporário”.No original hebraico a palavra equivalente é sukka, cujo plural é sukkot.

A Festa dos Tabernáculos durava uma semana e durante este período habitavam em tendas construídas com ramos.

É um tempo de regozijo e ação de graça.

Posteriormente , na história judaica, a Páscoa, Pentecoste e a Festa dos Tabernáculos são chamadas no calendário judaico de Festas de Peregrinos, porque nestas três festas era exigido que todo homem judeu fizesse uma peregrinação até o Templo, em Jerusalém. Nestas ocasiões o povo trazia os primeiros frutos da colheita da estação ao Templo, onde uma parte era apresentada como oferta a Deus e o restante usado pelas famílias dos sacerdotes.Sómente após essa obrigação ser cumprida era permitido usar a colheita da estação como alimento.

A ordenança de Deus para que o povo habitasse em tendas traz conotações de caráter moral, social, histórico e espiritual. O rabino Henri Sobel fala da sukka como um símbolo de proteção divina. Em momentos de aflição pedimos ao Todo-Poderoso que nos “abrigue em sua tenda”( Salmos 27.5). A Sukka é um chamado contra a vaidade e um apelo à humildade. Mesmo o mais poderoso do homens deve viver durante sete dias numa habitação primitiva e modesta, conscientizando-se da impermanência das posses materiais. Mais ainda, deve compartilhar essa moradia com todos os desprivilegiados a seu redor :”seus servos, o estrangeiro, o órfão e a viúva que estiverem dentro dos seus portões”. ( Deuteronômio 16.14)

Por ser pequena, sem compartimentos a sukka obriga seus moradores a se aproximarem, física e afetivamente, e talvez os inspire a se manterem mais unidos nos outros dias do ano.

De acordo com a Lei, a cobertura da sukka deve ser feita de tal forma que através dela se possam ver as estrelas. Resulta um teto pelo qual se infiltram a chuva e o vento, mas pelo qual também penetra a luz do sol. A sukka é o modelo de um verdadeiro lar: sem uma estrutura sofisticada, sem decoração luxuosa, mas cheia de calor, tradição e santidade. Um lar deve ter espiritualidade, deve ter uma vista para o céu.

A sukka é um abrigo temporário, improvisado, construído às pressas. E, no entanto, ela é um símbolo de permanência e continuidade. É tão frágil, tão precária , tão instável e, no entanto, sobreviveu a tantos impérios, tantas revoluções porque na verdade seu sustento é divino , é somente o Senhor quem nos pode sustentar!

A sukka é uma construção rústica cuja cobertura é feita de produtos da terra - fácil de se obter. Inclui ramos, arbustos, palha e mesmo ripas de madeira. Frutas, vegetais e outros alimentos não são usados.

O povo judeu tomou as palavras de Deus em Levítico 23 “habitareis” em seu sentido literal. Eles interpretaram a palavra “habitar” como significando que se devia comer e dormir na sukka, e não apenas construi-la. Nenhuma benção é recitada quando se constroi a sukka, pois a ordem fundamental é “habitar” na sukka e não meramente construi-la. Uma benção é recitada imediatamente antes de comer e dormir na sukka.

O uso de quatro espécies de plantas é prescrito em Levítico 23.40:”...tomareis fruto de árvores formosas, ramos de palmeiras, ramos de árvores frondosas e salgueiros de ribeira”...A Bíblia não especifica com precisão quais as espécies de árvores e frutas devem ser usadas. As autoridades judaicas deduziram e a tradição consagrou que “a fruta de árvore formosa” significa a cidra (etrog); “ramos de palmeiras” seriam ramos da tamareira(lulav); “ramos de árvores frondosas” referindo-se ao mirto ( hadassim); e “salgueiros de ribeira” ao familiar salgueiro (aravot). Essas quatro espécies formam o molho de sukkot que seguramos e abençoamos em cada dia da semana durante a Festa dos Tabernáculos.

Diariamente , durante a semana de Sukkot ( exceto no Shabat), pegamos na mão direita as três espécies de ramos, na mão esquerda a cidra, recitamos uma benção, em seguida juntamos as mãos e agitamos o molho para todos os lados , para cima e para baixo - manifestando nossa alegria e indicando que a presença de Deus está em toda a parte.

A Festa dos Tabernáculos tinha dois aspectos distintos na época do Templo. Uma parte da festa era consagrada ao louvor e ações de graça. O toque das trombetas convocava o povo, que se postava nas ruas para assistir à marcha dos sacerdotes que iam ao tanque de Siloé, enchiam uma vasilha de prata de água e depois rumavam para o templo e a derramavam no altar. Era um cortejo glorioso de sacerdotes vestidos de branco, instrumentos musicais, corais . Os levitas se faziam acompanhar por músicos em instrumentos de corda, sopro e percussão durante a recitação dos Salmos 113 a 118- especialmente as palavras messiânicas do Salmo 118, versos 25 e 26: “Ó Senhor, salva, Te pedimos! Ó Senhor, nós te pedimos, envia-nos a prosperidade. Bendito aquele que vem em nome do Senhor”.

Esse ritual de derramamento de água simbolizava ações de graça pela chuva que possibilitou a colheita do ano. Orações por mais chuva eram feitas para possibilitar a colheita da próxima estação .

Esse ritual simbolizava também a alegria espiritual e salvação.

A cada dia , durante o período da Festa, os sacerdotes rodeavam o grande altar de sacrifícios, uma vez, agitando suas palmeiras em todas as direções. Os ramos eram seguros juntos na mão direita, e a cidra , na mão esquerda.
No sétimo dia, chamado “Hoshana Rabbah”que sifnifica “A grande Salvação”, os sacerdotes rodeavam o altar sete vezes, recitando o Salmo 118.

Durante os sete dias de Sukkot, o grande altar de sacrifício recebia um número de sacrifício maior do que em qualquer outra festa: 70 novilhos, 14 carneiros, 98 cordeiros e 7 bodes( Números 29.12-34).

Em relação aos 70 novilhos o Talmud ensina que “as setenta nações do mundo são representadas nas ofertas de expiação de Israel .

O segundo ponto alto das comemorações eram os festejos. À noite, as multidões festejavam com banquetes e ainda cantavam e caminhavam pelas ruas portando tochas. Eram também colocadas tochas que iluminavam o átrio do Templo. Nesses momentos demonstravam sua gratidão a Deus desfrutando as boas coisas da vida e o prazer de gozarem a companhia uns dos outros.

Foi a essa festa que os irmãos de Jesus se referiram quando insistiram com elepara que seguisse paara Jerusalém ( João 7.1-9). O Senhor rebateu suas palavras sarcásticas, mas depois ,ocultamente, foi para Judéia. Durante a Festa , Ele deu ensinamentos e sofreu dura oposição por parte dos fariseus. Foi nessa ocasião que chamou os que tivessem sede para irem a ele e beber ( João 7.37). Isso pode ter sido uma referencia à água derramada no altar durante a Festa